António Nobre 

Vida e Obra:

António Nobre, nasceu no Porto 16 de Agosto de 1867 e faleceu a 18 de Março de 1900( tuberculose)com 32 anos. Estudou na universidade de Coimbra em Direito onde reprovou duas vezes, e fundou a revista  "Buémia Nova ". Acabou por se formar em ciências politicas em Paris (1890), durante a sua permanência em França, familiarizou-se com as novas tendencias da poesia do seu tempo, aderindo ao simbolismo em Paris contactando Eça de Queiroz e escreveu a maior parte dos seus poemas, como a sua maior obra "Só", inspirada nos grandes autores Gil Vicente, Júlio Dinis e Almeida Garrette. Nela retrata, a melancolia sentida pelo poeta ao estar longe de Portugal durante muitos anos.


Estilo e linguagem: 

Quanto ao estilo e linguagem, António Nobre, utiliza uma linguagem direta e simples com um tom quase confessional, criando assim uma intimidade com o leitor. Além disso, o poeta demostra apego á cultura do seu país, utilizando expressões populares. Nesta poesia, que assenta num olhar distanciado, a memoria permite então a reconstrução não só do percurso biográfico do sujeito poético mas também da paisagem cultural de oitocentos, especialmente no norte. Este exprime também uma obsessão pela morte, tomado pelo pessimismo.


Poema:

                                   Ó Virgens que passais

Ó virgens que passais, ao Sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente
Que me transporte ao meu perdido Lar.

Cantai-me, nessa voz omnipotente,
O Sol que tomba, aureolando o Mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, Graça, a formosura, o luar!

Cantai! cantai as límpidas cantigas!
Das ruinas do meu lar desaterrai
Todas aquelas ilusões antigas

Que eu vi morrer num sonho, como um ai…
Ó suaves e frescas raparigas;
Adormecei-me nessa voz… Cantai! 
 


Análise do Poema:
 
O poema " Ó Virgens que passais "  é de autoria de António Nobre.
Este poema é um soneto que contém duas quadras e dois tercetos,    quanto á medida dos versos são quase todos decassílabos, sendo o tipo de rima a e b cruzada e interpolada em c e d.
O poema tem como tema principal a saudade ou então as lembranças , uma vez que o eu lírico deseja ouvir uma canção que o leve para o seu " perdido lar" ( V4 ) sugerindo um desejo em que os velhos tempos voltem a ser como eram antes, buscando reconforto através  da música ( V.5 ), da beleza, e da Natureza representadas  pelas virgens que cantam ao por do sol ( Vv.5-6 ) 
Através das imagens como o por do sol, o mar, o seara e o luar, o poeta expressa o seu desejo de retomar a um lar perdido, cheio de memórias e ilusões. A repetição do pedido para que as virgens cantem sugere uma busca por um alivio emocional e uma conexão com o passado ( " Cantai! cantai as límpidas cantigas!). Ainda neste poema existe um tom melancólico, refletindo a fragilidade das lembranças e a inevitabilidade da perda. Em termos de recursos expressivos é usado a apostrofe " Ó virgens que passais" (V1), e a enumeração (" O vinho, Graça, a formosura, o lar (V8).

Analogias com outros textos:

O poema de António Nobre, tem algumas conexões com a poesia trovadoresca, alguma semelhanças presentes no poema é a saudade, uma vez que, no poema o sujeito poético sente saudade da musica e da beleza das virgens que cantam ao pôr do sol, já na poesia trovadoresca, o sujeito poético sente saudade pela amada que foi embora.
Além disso, ainda existe outra semelhança, pois na poesia trovadoresca especialmente nas cantigas de amor, a mulher é vista como alguém perfeita e impossível de a  ter , sendo que no poema o interlocutor idealiza as virgens com um amor impossível sendo que ele quer retomar um lar perdido.



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